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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vargas Llosa

TRAVESSURAS DA MENINA MÁ
Mario Vargas Llosa

"- Faça me gozar, primeiro –sussurrou, num tom que escondia uma ordem. – Com a boca. Depois vai ser mais fácil entrar. Nem pense em gozar ainda. Gosto de me sentir irrigada.
Falava com tanta frieza que não parecia uma garota fazendo amor e sim um médico dando uma descrição técnica e alheia ao prazer. Não me importava, eu estava totalmente feliz, como não me sentia há muito tempo, talvez nunca antes. “Jamais vou poder retribuir tanta felicidade, menina má.” Fiquei um bom tempo com os lábios esmagados contra seu sexo franzido, sentindo os pêlos pubianos me fazendo cócegas no nariz, lambendo com avidez, com ternura, seu clitóris pequenino, até que a senti movimentar-se, excitada, e explodir com um tremor no baixo-ventre e nas pernas.
- Mete, agora – sussurrou, com a mesma vozinha mandona.
Dessa vez também não foi fácil. Ela era estreita, se encolhia, resistia, reclamva, até que finalmente consegui. Senti meu sexo sendo fraturado por aquela víscera palpitante que o estrangulava. Mas era uma dor maravilhosa, uma vertigem em que me submergia, trêmulo. Ejaculei quase imediatamente.
- Você goza muito rápido –reclamou a senhora Arnoux, puxando meus cabelos. – Precisa aprender a demorar mais, se quiser me fazer gozar.
Aprendo tudo o que você quiser, guerrilheira, mas agora cale-se e me beije."