Dados do livro: O Príncipe Maldito
Autor: Mary de Priore
Editora: Objetiva
Assunto: História do Brasil - Segundo Reinado
Mary Del Priore em seu livro O príncipe Maldito conta a história do escolhido para ser
sucessor do trono de D. Pedro II. Numa narrativa que prende o leitor, Del
Priore consegue mostrar todos os jogos de poder pela disputa da sucessão do
trono Brasileiro.
Se não fosse a Proclamação da República no dia 15 de Novembro de 1889, o Brasil
teria um D. Pedro III que se chamava Pedro de Alcântara Augusto Luis Maria
Miguel Rafael Gonzaga de Bragança Saxe e Coburgo, filho primogênito da princesa
Leopoldina e de seu marido, Luis Augusto Maria Eudes de Saxe e Coburgo. Neto
mais velho de D. Pedro II, Pedro Augusto nasceu no Brasil, mas morava na
Áustria, de onde retornou aos cinco anos, quando morreu sua mãe, para suceder o
avô.
É que a famosa princesa Isabel(Lei Áurea de 13 de maio de 1888), primogênita do
imperador e primeira na linha de sucessão ao trono, até então não conseguira
engravidar e D. Pedro II temia que ela não desse um herdeiro ao trono do
Brasil. Por isso, o monarca mandou vir da Europa o neto mais velho, filho de
sua caçula Leopoldina, que àquela altura já dava à luz o quarto filho.
D. Pedro III era Alto, louro, de olhos azuis, parecia-se muito com o avô, a
quem se ligou por laços de afeto e interesses comuns. Até os 11 anos, foi
tratado na Corte, no colégio Pedro II onde estudava, e por toda parte, como
futuro herdeiro. Mas eis que em 1875 nasce o príncipe do Grão Pará. Depois de
dez anos e muitas tentativas, a princesa Isabel dava à luz um outro Pedro. A
sucessão estava garantida. Porém, iniciava-se ali a tragédia pessoal de Pedro
Augusto, personagem fascinante e até hoje obscuro, revelado agora neste livro
pela historiadora Mary Del Priore.
Mary
Del Priore, autora de 21 livros sobre História do Brasil, entre eles História
das Mulheres no Brasil, já foi premiada com o Prêmio jabuti e o Prêmio Casa
Grande & Senzala. É Historiadora com pós-doutorado na França.
Abaixo o Epílogo do livro:
Epílogo
Alguns
nunca esqueceram o belo príncipe que conspirou e foi traído. Seria lembrado por
alguns poucos. Em maio de 1904, Machado de Assis recebeu uma carta de seu amigo
Magalhães de Azeredo. Ele recordava "o favorito", então, vivendo no
que Gusty chamava de casa de saúde: "Eu lhe escrevi para o exílio, antes
do trágico naufrágio espiritual. E ele respondeu-me com uma carta afetuosa.
Depois as portas do manicômio se abriram para ele: tudo se lhe apagou no
cérebro combalido, até o último vislumbre dos instintos. O Hilário de Gouveia,
que o viu em Viena, disse-me que já não é um louco, mas um demente incurável —
todos os males da vida psíquica se lhe espedaçaram, se lhe aniquilaram. E,
entretanto, emagrecido, palidíssimo, crescidas as barbas e a cabeleira loura, é
belo como um Cristo... morto!"
Tempos
depois, no dia ie de setembro de 1934, deu
em manchete no Jornal do
Commercio:
"D. PEDRO DE SAXE E COBURGO GOTHA: O FALECIMENTO
DO PRÍNCIPE BRASILEIRO EM TÜLLN NA ÁUSTRIA."
Acaba de ser revelado que o príncipe D. Pedro de Saxe,
de 68 anos de idade e neto do imperador do Brasil, faleceu no Sanatório de Tülln,
perto de Viena. Noticia-se oficialmente que o príncipe brasileiro faleceu em consequência
de uma crise cardíaca. Sabe-se, todavia, que o filho da princesa Leopoldina de
Bragança sofria desde a mocidade de uma enfermidade mental e se achava
recolhido ao Sanatório de Túlln há vários anos. A família do príncipe nega-se a
dizer por que não anunciou antes a morte de Sua Alteza. Os amigos declaram que
o extinto conservou até o último momento a esperança de se ver eventualmente
elevado ao Trono Imperial do Brasil.
Desde que ele tentara se suicidar pela primeira vez,
tinham se passado 41 anos atrás das grades de um manicômio. Aparentemente,
seus tios nunca o visitaram. E quem ainda se lembrava?