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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Meu Nome é Vermelho


Meu nome é vermelho, foi prêmio Nobel de Literatura em 2006. Este livro apresenta uma narrativa inovadora com dezenove personagens (como cavalos, árvores e moedas) contando a história que retrata o choque das culturas Oriental e Ocidental no início do Renascimento cultural para os Ocidentais.

Trecho da obra:
Capitulo 19 – Eu, o Dinheiro.
OBS. Quem narra este trecho é uma moeda.

“Porque, a despeito das calúnias gratuitas, de todas essas farpas dolorosas, vejo que a maioria das pessoas olha para mim com uma afeição profunda e sincera. Nesses tempos de maldade, creio que todas nós deveríamos nos regozijar com esse afeto sincero e até apaixonado.
Passei, pois, por todas as mãos, de judeus e árabes, de mingrelianos e abkhazes, conheci cada ruela, cada bairro, cada polegada de Istambul, antes de sair da cidade na bagagem de um hodja, que vinha de Andrinopla e ia para Manisa. Na estrada, é atacado por salteadores. Um deles grita: “A bolsa ou a vida?” Apavorado, o pobre hodja me esconde onde imagina que eu estaria mais segura: dentro do cu! Esse lugar fedia mais que a boca do apreciador de alho, além de ser nitidamente menos sossegado, porque a situação azedou quando, em vez da “a bolsa ou a vida?”, os bandoleiros passaram a dizer: “a honra ou a vida?”. Puseram-se em fila e entraram em meu esconderijo, um depois do outro. Prefiro não contar os ultrajes que sofri, metida naquele buraco apertado. È por isso que detesto sair de Istambul.”

PAMUK, Orhan. Meu nome é vermelho. Ed. Companhia das Letras,2004.


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